Crime da 113 Sul: ministro pede vista, e julgamento sobre prisão de Adriana Villela é suspenso
11/03/2025
(Foto: Reprodução) Arquiteta foi condenada em 2019 por matar pais e empregada da família. Relator Rogério Schietti propôs prisão imediata, mas ministro Sebastião Reis pediu vista. Adriana Villela em entrevista para a série documental "Crime da 113 Sul", do Globoplay
Globo/ Divulgação
O ministro do STJ Rogério Schietti, relator do recurso que pede a nulidade da condenação pelo Tribunal do Júri de Adriana Villela, pelo assassinato dos pais e da empregada da família em 2009, em Brasília, propôs a prisão imediata da arquiteta, durante julgamento na tarde desta terça-feira (11). No entanto, após um pedido de vista pelo ministro Sebastião Reis, a sessão foi suspensa.
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Adriana Villela foi condenada em 2019 pelas mortes do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, de Maria Villela, e da empregada da família Francisca Nascimento (relembre o caso abaixo).
O julgamento foi o mais longo da história do Distrito Federal: 10 dias de duração, mais de 103 horas. A pena foi fixada em 67 anos e 6 meses de reclusão, no entanto, o juiz permitiu que Adriana recorresse em liberdade.
Segundo o relator do caso no STJ, a defesa não demonstrou que a decisão do júri é "manifestamente contrária às provas dos autos".
"Eu não vejo qualquer possibilidade de rever o mérito tanto da soberana decisão dos jurados, que compuseram o conselho de sentença do julgamento", diz o ministro Schietti.
🔎O prazo para devolução de um pedido de vista no STJ é de 60 dias, prorrogável por mais 30 dias.
Adriana não participou do julgamento. A filha dela, Carolina Villela Perche, acompanhou a sessão presencialmente (veja foto abaixo).
Carolina Villela, filha de Adriana Villela.
TV Globo / Reprodução
O julgamento
Crime da 113 Sul: STJ julga pedido de prisão de Adriana Villela
Reprodução
O julgamento começou por volta das 14h com a sustentação oral da defesa de Adriana Villela, com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, que destacou três supostas nulidades:
uma jurada que participou do júri, em 2019, mantinha um perfil nas redes sociais com críticas ao advogado Kakay, mas teria mentido ao dizer que não tinha conta nas redes. Para a defesa, ela tinha interesse em participar do julgamento para prejudicar a defesa;
os advogados se queixam de só ter tido acesso a vídeos dos depoimentos dos executores do crime, gravados na delegacia, no final do júri, o que configuraria cerceamento de defesa;
um laudo feito por papiloscopistas com a datação de uma impressão digital de Adriana, que teria provado a presença dela na cena do crime, não tem validade científica, na visão da defesa.
Em seguida, o promotor Marcelo Leite fez sua sustentação oral e defendeu que o recurso de Adriana não deve ser aceito porque, anteriormente, o STJ já decidiu que a ré deveria ser julgada pelo Tribunal do Júri.
Em seguida, o promotor leu trechos de uma carta da mãe de Adriana, a vítima Maria Villela, revelando uma situação de conflito entre as duas. Para a acusação, Adriana mandou matar os pais para ficar com a herança.
Depois, começou o voto do relator do processo, ministro Rogério Schietti.
O que disse o relator
O magistrado afirmou que houve erros e desvios éticos na investigação do caso, o que comprometeu algumas provas. No entanto, disse que, apesar dos problemas no sistema, o julgamento seguiu de acordo com a legislação.
"Esses episódios evidenciam quão longe ainda estamos de ter um sistema de investigação criminal mais transparente e sujeito a um efetivo controle interno e externo que não permitam tais comportamentos disfuncionais e legais, sem embargo. Fato que, em juízo, foram produzidas provas sobre o contraditório das partes e, independente das que macularam parte das investigações, a permitiram, na minha compreensão, um julgamento hígido e a tornar legítimo o veredito alcançado pelos jurados", aponta o relator.
A defesa de Adriana Villela pediu a nulidade do julgamento com base em uma postagem feita por uma das juradas, contra Adriana Villela. Mas o relator entendeu que essa nulidade deveria ter sido apontada antes.
"Destaco que essa publicação, objeto da controvérsia, teria sido veiculada pela jurada em sua rede social 11 meses antes do início do julgamento e a defesa, como já vi, tinha ciência do efeito fato ou admitia em suas razões de apelação. (...) Portanto, diante da ausência de registro, no momento devido (...) não se há de reconhecer a pretendida nulidade por evidente preclusão do exame da matéria e, nesse sentido, foi também parecer do Ministério Público Federal", declarou o relator.
🔎 Adriana Villela é uma das entrevistadas na série documental "Crime da 113 Sul", do Globoplay. A produção revela fatos inéditos sobre o triplo assassinato no luxuoso apartamento da família Villela, que ocorreu 15 anos atrás, em Brasília.
O que diz a defesa de Adriana Villela
Advogado de Adriana Villela fala sobre voto do ministro do STJ
O advogado da Adriana Villela, Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, disse que esperava "o provimento do recurso", mas que respeita a decisão do relator e espera o votos dos outros quatros ministros (veja vídeo acima).
O que diz o MPDFT
Em nota, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) afirmou que obteve um avanço no caso, com o voto do relator pela execução imediata da pena e a rejeição dos recursos da defesa.
O pedido de execução imediata da pena privativa de liberdade foi requerida pelo MPDFT, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela assistência à acusação.
Na sessão, o assistente de acusação, Pedro Calmon, reforçou que não há nos autos nada que possa levar à anulação do julgamento pelo júri ou do acórdão do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), diferentemente do que disse a defesa. Ele apontou ainda que foram apresentadas mais de 40 provas pelo MPDFT e mais 40 pela defesa.
A expectativa do Ministério Público é de que dada sequência ao julgamento, os ministros votem pela nulidade dos pedidos apresentados pela defesa da ré e reconheçam os vereditos.
Relembre o caso
O crime ocorreu em 28 de agosto de 2009. No sexto andar do bloco C da 113 Sul, quadra nobre de Brasília, foram assassinados:
José Guilherme Villela, 73 anos, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), morto com 38 facadas;
Maria Carvalho Mendes Villela, 69 anos, advogada, morta com 12 facadas;
Francisca Nascimento da Silva, 58 anos, empregada doméstica da família, morta com 23 facadas.
Os corpos foram achados, já em estado de decomposição, em 31 de agosto de 2009, pela filha de Adriana Villela. A perícia demonstrou que as vítimas foram mortas em 28 de agosto de 2009, por volta das 19h15.
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