Justiça concede medida protetiva a funcionária da Embaixada do Zimbábue após denúncia de abusos
17/04/2025
(Foto: Reprodução) Mulher afirma que era vigiada, impedida de sair sozinha e obrigada a fazer massagens íntimas em conselheira da embaixada. Justiça determinou que conselheira mantenha distância da vítima, que está abrigada. Fachada da Embaixada do Zimbábue, em Brasília
Ana Lídia Araújo/g1
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concedeu uma medida protetiva a uma funcionária da embaixada do Zimbábue após ela denunciar uma série de abusos e situações de constrangimento que teria sofrido por parte da ministra conselheira da missão diplomática Rutendo Faith Sagwete.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concedeu uma medida protetiva a uma funcionária da embaixada do Zimbábue após ela denunciar uma série de abusos e situações de constrangimento que teria sofrido por parte da ministra conselheira da missão diplomática Rutendo Faith Sagwete.
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A funcionária Monalisa Maparura, de 27 anos, que chegou a ser dada como desaparecida, relatou ter sido submetida a jornadas de trabalho exaustivas e controle sobre a alimentação, além de ser obrigada a fazer massagens intimas na ministra conselheira (saiba mais abaixo). A jovem está abrigada em um local com endereço protegido.
O g1 fez contato com a embaixada do Zimbábue, por e-mail e por telefone, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. Já o Ministério das Relações Exteriores informou que o Itamaraty tem conhecimento do caso, mas não foi notificado sobre a medida protetiva à funcionária, concedida pelo TJDFT.
A medida judicial determina que a conselheira — com quem a funcionária morava — mantenha distância da vítima. Rutendo Faith Sagwete também está proibida de entrar em contato com Monalisa "por qualquer meio".
A decisão pela medida protetiva foi assinada na terça-feira (16), com base na Lei Maria da Penha. A juíza Bianca Fernandes Pieratti destacou que os requisitos legais para o deferimento da medida estavam presentes e que havia risco de a vítima voltar a ser exposta a situações de violência.
Relato à polícia
Trecho do depoimento de Monalisa.
TV Globo/Reprodução
O g1 teve acesso ao relato da vítima à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). De acordo com o depoimento, Monalisa Maparura foi inicialmente contratada como cozinheira na residência do embaixador do Zimbábue no Brasil, Meshack Kitchen.
No entanto, passou a ser chamada com frequência para prestar serviços na casa da ministra conselheira, localizada no Lago Sul. No local, a vítima afirma que realizava massagens diárias na diplomata, inclusive em partes íntimas .
Ela também disse que vivia sob constante vigilância, sem liberdade para sair da casa quando quisesse. Segundo o relato, só podia frequentar a igreja com autorização da conselheira e precisava pedir permissão até para buscar atendimento médico.
Monalisa contou que ficou doente em três ocasiões, mas foi impedida de ir ao hospital sozinha. Em uma dessas situações, ela afirma que "escorregou, quebrou um dente e desenvolveu uma infecção que atingiu sua bochecha; que, mesmo assim, não pôde ir ao hospital, sendo posteriormente ajudada por outra pessoa da embaixada".
Monalisa também relatou que a conselheira "frequentemente a incomodava, ligando insistentemente e exigindo que estivesse disponível a todo momento, não importando o horário". A vítima ainda contou à PCDF que chegou a dormir nas escadas do jardim da casa, aguardando amanhecer, porque a ministra a proibia de "entrar na residência após determinado horário".
Desaparecimento
No dia 9 de abril, conforme revelado pelo g1 DF, a ministra conselheira procurou a 10ª Delegacia de Polícia, no Lago Sul, para registrar o desaparecimento da funcionária.
Segundo o boletim, a conselheira estranhou quando a funcionária não apareceu para levar o café da manhã no quarto da ministra conselheira.
Monalisa foi localizada pela polícia três dias depois. Em depoimento, ela afirmou ter ingerido uma substância tóxica na noite anterior e disse que foi levada ao hospital por um motorista de aplicativo.
Ainda segundo a vítima, documentos pessoais como passaporte, carteira de identidade, cartão de febre amarela e demais comprovantes de vacinação foram deixados sobre a cama e, agora, estariam em posse da conselheira.
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